terça-feira, 17 de novembro de 2009

Historias da minha vida




Na minha infancia ,pela época de natal,gerava-se uma azáfama,lá em casa.A minha avó ocupava-se dos mais variados bolos e doces.verdadeiras guloseimas que só nessa época se saboreava.A minha mãe,organizava a ceia de natal,tudo ao pormenor,não podia falhar nada! Na cozinha ,nessa altura,crianças não entravam na cozinha ,para não atrapalhar,a elaboração de tamanho banquete.Só de olhar e sentir os ricos aromas na cozinha,provocava saborear e esquecer-se da Ceia de Natal.
O meu pai,não ficava atrás,tinha o cuidado de que não faltasse nada,uns dias antes fazia as compras,depois de ter a certeza que a lista de produtos estava completa.Ele tambem era um fanático desta época,era ele que comprava os presentes para a familia.

A minha tia,(que não seguiu o amor da sua vida para o estrangeiro,para não deixar a mãe sozinha,…havia de ser agora,nestes tempos…) enfeitava a casa e o jardim.Um mês antes ,ela fazia anjos e estrelas de papel coloridos ,que colocava em lugares estratégicos que só ela sabia o impacto que producia! E para não falar dos arranjos florais que fazia com as flores colhidas do jardim cultivado por ela.Eu ficava horas a pensar como seria esse ano a decoração!
O presépio era a minha mãe que fazia,e ai daquele que ousasse mexer!!!...O meu irmão e eu ficávamos a contemplar os caminhos feitos com terra arenosa,a ponte sobre o rio falso,bordeado com musgo e os cavalos saciando a sede;tinha muitos pastores,de barro argiloso,que ela conseguiu ao longo de anos.Havia um que ela escondia subtilmete entre as rochas e ramas ,e nunca soubemos o misterio que escondia esse pastor!
E a árvore de natal ,não podia faltar,claro :com duas crianças como eu e meu irmão,ansiosas para colocar tudo o que nos apetecia na árvore,a gambiarra era o meu pai,sempre muito cuidadoso com surpresas desagradáveis,pois o meu irmão era muito irrequieto,tão irrequieto que todos os anos tentava sempre saber o que o pai natal nos trazia!
Este ano nunca vou esquecer:o meu irmão era sempre o primeiro a acordar; e corriamos para ver o que o pai natal nos tinha posto no sapato( é a tradiçãona minha terra colocar na véspera de natal o sapato na lareira)…esse ano o pai natal esqueceu-se de mim:não tinha prendas
Mas eu calei-me e não disse nada…muito triste sai para o jardim e chegando ao pé de uma arvore sentei-me a chorar…senti um leve toque no meu ombro:.era a minha avó ,que me trazia ás escondidas do meu pai,pickles,eu gostava muito,mas o meu pai achava que me fazia mal…ela fez de conta que não reparou nas minhas lágrimas,e levou-me ao galinheiro para eu ver os pintainhos que já tinham nascido!Eu sabia que ela estava a fazer isto para consolar-me…e fomos para casa.Estavam todos á volta das prendas e o meu pai perguntou-me:gostaste da surpresa?...eu respondi:Pai,acha que eu merecia isso?...ele respondeu: merecias isso e muito mais!!!...são as prendas pequeninas que tem mais valor!!!...Eu fiquei perplexa!!!...Corri para o meu quarto,peguei meu sapato,e qual não foi a minha surpresa:bem no fundo da biqueira do sapato ,estava um minusculo saquinho dourado,e dentro estava um lindo coração em prata ,abriu-o e lá dentro estava a foto do meu anjo da guarda com esta frase:”Carrega-me que eu sempre te protegerei”!!!...e assim é até hoje!!!!

Texto extraido de:” Memorias da minha vida”
Autor: Joana Mendes