quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Oração de um cão abandonado


Sabe, senhor, ainda não entendi, viemos à praça, pensei ser um passeio, estranhei, ele não tinha esse hábito, mas fui, feliz. Lá chegando, me deu as costas, entrou no carro e nem me disse adeus.

Olhei para os lados, nem sabia o que fazer. Ainda tentei segui-lo, quase fui atropelado. Que teria feito eu de tão mau? À noite, quando ele chegava, abanava o rabo, feliz mesmo que ele nunca viesse no quintal me ver. Às vezes, eu latia, mas tinha estranhos no portão, não poderia deixá-los entrar sem avisar meu dono. Quem sabe foi minha dona que mandou, devia estar dando trabalho.

Mas não as crianças, elas me adoravam. Como sinto saudades! Puxavam-me a cauda às vezes eu ficava uma fera, mas logo éramos amigos novamente. Creio que elas nem sabem, devem ter dito que fugi. Estou faminto, só bebo água suja, meus pelos caíram quase todos, nossa, como estou magro!

Sabe, Pai, aqui nesse canto que arrumei para passar a noite, faz muito frio, o chão está molhado. Creio que, hoje, vou me encontrar contigo, ai no céu meu sofrimento vai terminar, mesmo em espírito vou ter permissão para ver as crianças. Peço-vos, então, não mais por mim, mas pelos meus irmãozinhos: Mandem-lhes pessoas que deles tenha compaixão, como eu, sozinhos não viverão mais que alguns meses na terra do homem.

Amenize-lhes o frio, igual o que agora sinto, com o calor de atos de pessoas abençoadas. Diminua-lhes a fome, tal qual a eu sinto, com o alimento do amor que me foi negado. Mata-lhes a sede, com a água pura de seus ensinamentos transmitidos ao homem. Elimine a dor das doenças, estripando a ignorância da terra.

Tire o sofrimento dos que estão sendo sacrificados em atos apregoados como religiosos, laboratórios e tudo mais. Tirando das mãos humanas o gosto pelo sangue. Ampare as cachorrinhas prenhas ou verão suas crias morrerem de fome, frio e pestes sem nada poderem fazer.

Abrande a tristeza dos que, como eu, foram abandonados, pois, entre todos os males o que mais me doeu foi esse. Receba, pai, nesta noite gélida, a minha alma, pois não mais será meu sofrimento, mas dos que ficarem e por eles vos peço. Nota: Ouço essa oração dos cães moribundos que vejo pelas ruas.

Fonte: Associação Protetora dos Animais São Francisco de Assis.

O galo e a águia


Dois galos estavam disputando em feroz luta, o direito de comandar o galinheiro de uma chácara. Por fim, um põe o outro para correr e é o vencedor.

O Galo derrotado afastou-se e foi se recolher num canto sossegado do galinheiro.

O vencedor, voando até o alto de um muro, bateu as asas e exultante cantou com toda sua força.

Uma Águia que pairava ali perto, lançou-se sobre ele e com um golpe certeiro levou-o preso em suas poderosas garras.

O Galo derrotado saiu do seu canto, e daí em diante reinou absoluto livre de concorrência.

Moral da História:
O orgulho e a arrogância é o caminho mais curto para a ruína e o infortúnio.