quinta-feira, 28 de abril de 2011

A morte devagar




Um texto de Martha Medeiros para que possamos refletir que viver vai muito além de respirar. Vamos viver e valorizar a vida!



Morre lentamente quem não troca de idéias, não troca de discurso, evita as próprias contradições.

Morre lentamente quem vira escravo do hábito, repetindo todos os dias o mesmo trajeto e as mesmas compras no supermercado. Quem não troca de marca, não arrisca vestir uma cor nova, não dá papo para quem não conhece.

Morre lentamente quem faz da televisão o seu guru e seu parceiro diário. Muitos não podem comprar um livro ou uma entrada de cinema, mas muitos podem, e ainda assim alienam-se diante de um tubo de imagens que traz informação e entretenimento, mas que não deveria, mesmo com apenas 14 polegadas, ocupar tanto espaço em uma vida.

Morre lentamente quem evita uma paixão, quem prefere o preto no branco e os pingos nos is a um turbilhão de emoções indomáveis, justamente as que resgatam brilho nos olhos, sorrisos e soluços, coração aos tropeços, sentimentos.

Morre lentamente quem não vira a mesa quando está infeliz no trabalho, quem não arrisca o certo pelo incerto atrás de um sonho, quem não se permite, uma vez na vida, fugir dos conselhos sensatos.

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê, quem não ouve música, quem não acha graça de si mesmo.

Morre lentamente quem destrói seu amor-próprio. Pode ser depressão, que é doença séria e requer ajuda profissional. Então fenece a cada dia quem não se deixa ajudar.

Morre lentamente quem não trabalha e quem não estuda, e na maioria das vezes isso não é opção e, sim, destino: então um governo omisso pode matar lentamente uma boa parcela da população.

Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe. Morre muita gente lentamente, e esta é a morte mais ingrata e traiçoeira, pois quando ela se aproxima de verdade, aí já estamos muito destreinados para percorrer o pouco tempo restante. Que amanhã, portanto, demore muito para ser o nosso dia. Já que não podemos evitar um final repentino, que ao menos evitemos a morte em suaves prestações, lembrando sempre que estar vivo exige um esforço bem maior do que simplesmente respirar.

Por Martha Medeiros

Queridos amigos!! Que possamos sair de nossa zona de conforto, não morrer lentamente. A vida nos dá tantas chances de mudar a situação que estamos, vamos lá , vamos nos mexer. Já pensou em agradecer o que você tem, ajudar uma pessoa que precisa? Mude, viva, aprenda que viver é muito mais que respirar, viver é deixar algo de bom para ser lembrado, é valorizar a vida que ganhamos. Vamos lá saibamos viver!!

( V. S . )

4 comentários:

  1. Com certeza todos esses fatores nos fazem morrer lentamente................Um belo texto, meus parabéns.

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  2. Este poema lindo e profundo, é, muitas vezes, atribuído ao chileno, Pablo Neruda. E além da profundidade das palavras, ganhou destaque na imprensa italiana por esta confusão.
    Faz parte desta história o fato do Mastella (ex-ministro da Justiça e líder do partido católico Udeur,) acreditando que estava lendo palavras escritas pelo chileno Neruda, fez dele parte do seu discurso em pleno Senado.
    O rolo foi grande!!Deus e o mundo entrou na história! Até que a fundação Pablo Neruda e a editora que publica as obras do poeta na Itália, confirmaram que não se tratava de uma obra dele e sim da brasileira Martha, escritora que hoje beira os 50 anos.
    Mas o poema continua circulando na net (como sendo de Neruda) como uma bola de neve e não para de crescer.
    Uma busca no Google sobre o poema "Muere Lentamente" associado ao nome do poeta Pablo Neruda, vão aparecer mais de 20 mil referências ao poema associado ao nome do poeta!!!
    Eu bem queria saber: quem será que começou isto?

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  3. Adoro seu blog, Joana. Vou segui-la com meu nik gata vadia. Se quiser e puder visitar o meu BoaBaiEla me dará muito gosto.
    Sucesso
    Beijinhos

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  4. Oi Joana querida!
    Eu sou super fã da Martha Medeiros! Devoro os seus textos, pois a maior parte (para não dizer todos!) tem muito a ver com o meu modo de pensar sobre a vida... Concordo que morre lentamente quem já entrega os pontos sem ao menos esforçar-se para lutar. Como dizemos aqui em casa, chutar o balde é a opção mais fácil, rápida e segura... Difícil mesmo é ir na contramão e desafiar as impossibilidades!
    Grande beijo e parabéns pelo belíssimo texto escolhido!
    Jackie

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